sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Acho que começo a entender o que é ser umbandista



Canoas, RS, Brasil, 06/09/2013 às 01:22 AM

Acabo de chegar de uma gira de Exú. Sim !, o temido exú, que muitos dizem ser coisa do "capeta", acredito então que eu seja um "capetista", mas até o final do texto você vai entender o porque eu disse isso.

Nesta gira, que considero uma iniciação que tive, começo a entender o que é ser umbadista.

Para quem me conhece, sabe que sou uma pessoa que respeita todos os credos, raças, cores, opções sexuais e religiões e de um tempo pra cá, venho tentando entender "qual é dessa tal de umbanda". Aquele monte de gente cantando, dançando e girando parece ser legal, mas meio esquisito na verdade, mas para chegar a estas respostas, pensei em chegar de mancinho para tentar entender intelequetualmente aquilo que para mim parece ser tão sensorial, institivo, primito, porque não dizer...tão emocional.

Aos poucos comecei a frequentar uma casa de umbanda numa cidade vizinha de onde eu moro, uma terreira como também é conhecida, sempre analisando, perguntando, tentando entender "qual é dessa tal de umbanda".

De tanto ser um "consulente" chato...fui convidado para participar da corrente. Confesso que fiquei assustado, pois nunca me considerei um medium, mas acertei o desafio para ver "qual é dessa tal de umbanda".

O começo é confuso, fascinador e perturbador ao mesmo tempo, pois tu está lá, mas não sabe muito bem o que fazer e qual é o teu lugar no grupo, ou na verdade o porque tu está ali, mas mesmo com as inúmeras vontades que tive de desistir, largar isso de mão, algo me dizia que eu deveria continuar, pois no fundo eu queria saber...ah !, a essa altura você já entendeu né !?

Voltando ao termo "capetista", pois muitos acham que umbanda é coisa do "capeta", digo a eles que SIM !, deve ser mesmo coisa do capeta.

Deve ser mesmo coisa do capeta ajudar o teu próximo com amor e caridade, correr de um lado para outro para atender mediuns e consulentes, servir água, anotar instruções e atendimentos, te preocupar se tudo e todos estão bem !,  coisa que um cambono faz, aliás...um cambono "capetista". Deve ser coisa do capeta mesmo deixar a tua familia em casa, várias vezes numa semana...para estudar, trabalhar, relizar os teus preceitos, dar o teu melhor, o melhor de si em prol do próximo, sem cobrar nada em troca, sem almejar nada em troca, de coração aberto, abrindo mão de coisas que são muito importantes pra ti..., deve ser coisa de "capetista".

Mas a parte mais importante que posso dizer sobre a umbanda talvez seja a reforma moral que ela acaba por te submeter. Exú, essa entidade tão humana por assim dizer, te coloca frente-à-frente com um espelho: O espelho da tua consciência, talvez por isso seja uma coisa do capeta, quer dizer...capetista, pois faz você ficar de frente com um grande capeta: Seus defeitos e falhas morais.

Particularmente, para mim, a gira de hoje foi muito importante neste sentido, pois vi no espelho da minha consciência...minha vaidade e minha ilusão sendo refletidos. Compreendi que a paciência que tanto as entidades me diziam para ter na época em que eu era aquele chato consulente tinha um porquê: O tempo é o melhor remédio para te mostrar a ilusão e a falsidade, é o melhor amigo que tu podes ter, pois uma hora ou outra, quando tu realmente estiver preparado e perceptível...tu vais receber a tua resposta.

Essa questão moral que percebi e entendi hoje me fez voltar ainda mais para dentro de mim mesmo e avaliar o quanto posso ter magoado pessoas que me amam muito, pelo simples fato de ser vaidoso, com diz um sábio preto-velho que conheço: "Paciência, Humildade e Amor no coração são reveladores meu filho !, tudo tem o seu tempo !". Hoje compreendo que o mistério de Exú é um dos mais importantes !, pois faz você se ver por dentro, enfrentar os seus "capetas".

Hoje em determinado momento em que um médium estava se "desmediunizando-se" do seu Ogum Beira-Mar, ainda zonzo pela forte energia desta entidade, ainda confuso e desnorteado, eu o segurei firme e forte, segurei a sua mão ! e ele segurou a minha mão firme e forte também, como se dissesse obrigado meu irmão !, sei que posso contar contigo !. Neste momento senti todo o amor que um capetista umbandista pode sentir em ser útil em poder ajudar alguem.

Um sábio Bará, antes de começarmos os atendimentos vira-se para mim e diz:
- Não se pode desistir sem ao menos ter começado !, com se dissesse para mim que fraquejar neste momento de começo em que estou é fraquejar sem ao menos ter começado, sem ao menos ter enfrentado as primeiras batalhas, aliás, Bará deve ser um grande capetista para me dizer estas coisas.

Enfim !, cada gira, cada estudo, cada encontro com meu grupo de irmãos (sim !, nós capetistas nos chamamos de irmãos) me faz me conhecer melhor, me faz melhorar, me faz valorizar e respeitar o gênero humano, me faz amar cada vez mais minha esposa e filhos (os membros do meu grande terreiro chamado lar), me faz entender que o amor ao próximo é a única coisa que pode nos libertar das amarras e ilusões que são estes nossos egos.

Eu ? eu sou um neófito que está "começando a entender o que é ser umbandista !", por isso deixo aqui a minha mensagem final para vocês:


Refletiu a luz divina em todo seu esplendor vem do reino de Oxalá Onde há paz e amor Luz que refletiu na terra Luz que refletiu no mar Luz que veio, de Aruanda Para tudo iluminar A Umbanda é paz e amor É um mundo cheio de luz É a força que nos dá vida e a grandeza nos conduz. Avante filhos de fé, Como a nossa lei não há, Levando ao mundo inteiro A Bandeira de Oxalá ! Levando ao mundo inteiro A Bandeira de Oxalá !



À todos capetistas deste planeta deixo essa mensagem carregada de axé !

Laroiê Exú !,
Laroiê Seu Sete !,
Laroiê Pomba Gira !,
Laroiê Exú Mirim.

Muito obrigado Exú ! por me mostrar que o meu grande amor sempre esteve na minha frente, bastava olhar no espelho e ver dentro do meu coração !

Amar é nosso destino !.
Amar é a nossa missão !.

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